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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um tiro em cada pé, em 4 atos.


1º ato

Recentemente, em um shopping, encontrei com um ex-aluno de uma escola municipal onde trabalhei em 1993, ele me reconheceu, mesmo sem uniforme, sabia meu nome de guerra, mesmo após 19 anos...... fiquei impressionado, duvidei a princípio.

Na época, ele com 10 anos, foi surpreendido traficando dentro da escola, induzido por outro menor (16 anos) do lado externo (não aluno), levado a diretoria, de onde convocou-se os pais. Lá ouviu sermões intermináveis sob a sua conduta e futuras conseqüências.

Neste encontro, completamente inesperado no shopping, este, agora homem de quase 30 anos, bancário, agradeceu-me durante vários minutos por aquela medida enquanto tomávamos um café expresso, do qual disse que eu não tinha o direito de recusar.

Disse-me que contava sempre para a esposa grávida o ocorrido, e que gostaria de encontra-me para agradecer, segundo ele, de livrá-lo da marginalidade, dizia que esposa retrucava dizendo: “Impossível, faz mais de 15 anos!!” (não fosse pela história contada em detalhes nem eu acreditaria)

2º ato:

Em 2001, A Polícia Militar de São Paulo divulga a DIRETRIZ Nº PM3-OO1/02/01, (re-editada, se não me engano de 1998) cujo objetivo era desarticular os trabalhos das Guardas Municipais existentes e evitar a criação de novas Guardas.

3º ato:

Maio de 2006, uma facção criminosa, ordena, de dentro dos presídios, ataques à agentes do estado em serviço no âmbito da Segurança Pública: (PM´s, PC,s GCM´s, Agentes Penitenciários etc...)

4º ato:

Setembro de 2012, a mesma facção, hoje munida com endereços, fotos e dados de veículos de policiais e seus trajetos, os ataca nos dias de folga, covardemente e com excesso de meios, os executam em via pública, invadem suas residências e seqüestram suas esposas.

Resumindo:

Quantos destes “Kamikazes do PCC” foram alunos de uma escola municipal? Quantos começaram na criminalidade traficando nestas escolas? Quantos destes tinham 09, 10 ou 11 anos em 1998?

Quando estes números virão à tona? Obvio: Nunca! Esta mensuração é difícil.

Neste momento me vem à mente diversos ditados, populares ou não, mas um me soa mais forte: “Colhemos o que plantamos.”

E alguns, ao lerem este texto e a ousarem refletir, possivelmente pensarão:

“Demos um tiro em cada pé.”

Eu gostaria que nossos governantes refletissem assim:

“Qual é o cenário que queremos ter em 2032?” 

“O que precisamos plantar hoje?”